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Tendências predominantes do segundo semestre de 2023 no mercado de trabalho

O segundo semestre já está em andamento, e com o aumento na criação de empregos após o declínio causado pela pandemia, juntamente com a chegada de datas comemorativas e a melhora da economia brasileira, é esperado que o mercado de trabalho experimente os efeitos dessa fase a partir de agosto.

Com base nos dados colhidos na 24ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH), uma consultoria global de recrutamento executivo, identificou sete tendências fundamentais.

A seguir, conheça as tendências do mercado de trabalho para este ano, obtidas com exclusividade pelo jornal Valor Econômico.

  1. Escassez de talentos qualificados: Segundo a 24ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH 24), baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego para profissionais qualificados (com ensino superior completo a partir dos 25 anos) foi de apenas 4,1% no final do primeiro trimestre de 2023. A taxa de desemprego total da população, incluindo essa categoria, foi de 8,8% no mesmo período.

“Ainda que a situação econômica não tenha alcançado a estabilidade desejada pelo mercado, as taxas de desemprego abaixo de 5% ressaltam a escassez de talentos disponíveis, já que a maioria dos profissionais qualificados está empregada. Isso tem uma implicação prática: profissionais com habilidades técnicas e comportamentais avançadas serão altamente disputados entre as empresas”, observa Maria Sartori, diretora associada da Robert Half.

  1. Desafios na contratação: As empresas ainda não estão encontrando facilidade para preencher suas vagas, devido à escassez de profissionais qualificados no Brasil. O ritmo de formação profissional não está acompanhando as necessidades do mercado.

De acordo com os dados do estudo, 76,8% dos recrutadores enfrentam dificuldades para contratar profissionais qualificados. Entre os entrevistados, 66% acreditam que essa situação não mudará nos próximos seis meses, enquanto 20% preveem que ela se tornará ainda mais desafiadora.

  1. Candidatos no controle: A expectativa é de que a dificuldade em preencher vagas aumente, impulsionada pela posição mais forte dos profissionais no mercado. Os candidatos estão mais seguros em suas carreiras, têm maior clareza sobre seus objetivos profissionais e estabelecem exigências cada vez mais elevadas ao considerar mudar de emprego.

“É importante destacar que as pessoas passaram por processos que transformaram profundamente suas perspectivas e desejos. Muitos profissionais ainda se questionam se estão no emprego certo, na carreira certa, na cidade certa, ou até mesmo no país certo. Houve uma mudança perceptível no equilíbrio entre empregador e empregado, e é natural que, com a evolução das empresas, os melhores profissionais busquem ambientes de trabalho que os satisfaçam e empregos que se alinhem com sua nova visão de vida”, destaca a diretora da Robert Half.

  1. O desafio das contrapropostas: Em contextos mais voláteis, alguns candidatos podem recusar uma nova oferta de emprego após terem sido sondados, mesmo depois de um acordo verbal, optando por permanecer em sua empresa anterior. Isso se deve, em parte, às negociações feitas com o empregador para que eles permaneçam, conhecidas como contrapropostas. Isso tem levado os recrutadores a questionar mais as intenções dos profissionais.

Entretanto, Sartori observa que a estratégia da contraproposta pode ter consequências negativas. “Quando uma empresa, de repente e devido ao risco de perder um colaborador, decide aumentar seu salário para mantê-lo, por exemplo, abre espaço para várias incertezas, tanto da parte da empresa quanto do profissional”, observa a headhunter. “A decisão de permanecer no emprego deve ser baseada em planejamento e autoconhecimento.”

  1. Mais oportunidades em empregos temporários: Apesar das incertezas econômicas, 47% dos recrutadores afirmam contar com profissionais contratados por tempo determinado, e 40% dos profissionais alocados temporariamente nas empresas acreditam que terão mais oportunidades para projetos no próximo trimestre.

Sartori comenta que a importância das oportunidades de projetos não deve ser subestimada. “Elas permitem que as empresas respirem durante os períodos de pico, trazem expertise em situações estratégicas e devem ser uma solução quando cargos permanentes permanecem vagos por um longo período”, diz ela. “Além disso, profissionais que começam a trabalhar por meio de contratos com prazo determinado adquirem muita experiência em diversas áreas e setores, além de fortalecer sua rede de contatos.”

  1. Ênfase na flexibilidade: Mesmo após mais de três anos de debates, a discussão sobre o modelo ideal de trabalho ainda não encontrou um equilíbrio e enfrenta um desafio complexo: o número de empresas que exigem o retorno integral aos escritórios está crescendo trimestre após trimestre.

Por outro lado, em busca de maior bem-estar, qualidade de vida e saúde mental, a flexibilidade continua sendo a palavra de ordem no mercado de trabalho e continuará sendo um tópico principal nas entrevistas por um bom tempo. Há profissionais que já não estão dispostos a abrir mão dos modelos de trabalho híbridos, e 38% estão dispostos a procurar um novo emprego se a possibilidade de trabalho parcialmente remoto não estiver disponível.

  1. Foco na identidade e valores: As empresas estão constantemente lidando com a questão dos custos salariais, buscando equilibrar a manutenção da competitividade no mercado de trabalho com o controle de gastos. Isso é especialmente desafiador em um mercado onde altos salários são pagos para atrair talentos, observa Sartori. “As empresas, portanto, tendem a se beneficiar de ter uma marca empregadora forte.”

Para além de salários elevados e benefícios atrativos, os candidatos escolherão empresas com base em sua identidade, valores e alinhamento com as questões mais relevantes do mercado, como as agendas de ESG, diversidade e inclusão, conclui a headhunter.

Fonte: Contábeis